segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

"Vem ni nóis 2013!!!!!!!"



Escrevi, desescrevi. 

Escrevi de novo, desescrevi de novo.



Resumindo: 

além dos desejos de sempre (muita saúde, paz, amor e prosperidade!!!), desejo isto aqui pra mim e pra todas as pessoas 'do bem' que conheço:

(peguei esta imagem no facebook)

Que saibamos aproveitar essas oportunidades e que consigamos transformar o nosso mundo num mundo melhor!!!!!!!!





"O amor sempre fracassa quando vira disputa de poder. O amor é despoder, confiar e não cobrar provas." (Carpinejar)

Mais uma do Fabricio Carpinejar:


Quase Perfeito — Consultório sentimental de Carpinejar 

TALIBÃ DO AMOR

“Estava namorando um cara havia quatro meses. Ele tinha no perfil dele 150 amigos, sendo que mais de 100 eram mulheres. De repente ele adicionou uma que comecei a perceber que não parava de segui-lo em todas as postagens. Tudo ela curtia, comentava e mandava beijos. Ele me disse que não a conhecia pessoalmente, tampouco falava com ela. Até que a adicionei, ela aceitou, conversamos por mensagem, e ela me contou que conversam sempre, mas não têm vínculo. Fiquei braba, pedi para ele excluí-la e ele não aceitou. Terminamos. Estou louca? Uma mulher dá em cima do meu namorado e ele não faz nada. Estou desnorteada. Um abraço, Rafaela.”

Querida Rafaela!

As rupturas acontecem por picuinhas. Por brigas tolas. Jamais por assuntos sérios e de interesse maior.

É um ciuminho que se transforma em intolerância, é uma descortesia ingênua de tarde que migra para a difamação ao final da noite.

Com os desentendimentos menores, não imaginamos que vamos nos separar e desprezamos as reservas. Atacamos com ênfase, despreocupados, e passamos dos limites.

Com as discussões sérias, antevemos a gravidade do encontro e cuidamos de uma por uma das palavras. Temos mais paciência e flexibilidade.

Julgo mais fácil se separar por não lavar a louça do que por infidelidade.

Vejo que você chamou atenção para a importância da amiga dele – de flerte alçado à ameaça. Curiosamente toda mulher ou homem escolhe a sucessora ou o sucessor pelo ciúme. O ciúme faz a transferência da coroa e do cetro. Aponta quem é perigoso e com condições de ocupar o papel principal nos próximos capítulos da novela.

A amiga poderia se deleitar em ações platônicas: curtir, postar, comentar a página de seu namorado, desde que ficasse isolada na admiração. Seriam iniciativas inofensivas. O problema é que você não conteve a irritação e exagerou na dose. Quis mostrar quem mandava e contra-atacou. Nem pelo medo de perdê-lo, e sim para testar sua influência. O amor sempre fracassa quando vira disputa de poder. O amor é despoder, confiar e não cobrar provas. Pena que realizou o contrário, solicitando demonstrações visíveis de dependência e respostas imediatas.

Travou uma guerra extremista desnecessária: ou ela ou eu. Supervalorizou a figura dela, a ponto de colocá-la no mesmo patamar de intimidade. Pôs uma completa desconhecida como rival ao adicioná-la, trocar mensagens e xeretear possíveis laços.

Não está louca, tampouco está certa. A mulher deu em cima, porém excluir ou rejeitar um contato superficial é promovê-lo.

Também tomaria cuidado com as restrições que se assemelham falsamente a prevenções. Prevenir não é limitar, prevenir é conversar e aceitar a escolha do outro. Não devemos mandar ou ordenar em nome do amor.

Sua estratégia não foi inteligente. Se ele não cumprisse o que desejava, já não servia. Não tinha saída negociável, não gerou conscientização gradual e consistente, tratava-se de um ultimato.

No namoro, as proibições são insaciáveis e nada recomendáveis. É excluir nomes no Facebook, depois excluir nomes no celular, depois excluir nomes da lista de festa, depois excluir nomes entre os amigos, até que não exista mais ninguém para pedir colo e nos consolar pelo fim do namoro.

Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, Donna, p. 6
Porto Alegre (RS), 30/12/2012 Edição N° 17298
Preservamos a identidade do remetente com nome fictício.

"Eu te amo"

Tenho postado muito coisas do Fabricio... Fazer o que?  O cara escreve coisas legais!!!  Aqui vai mais uma:


FALO EU TE AMO FÁCIL, FÁCIL

Nada acontece por acaso.

Em tudo há um porquê.

Era para a gente se encontrar.

Apague essas frases, largue o curso preparatório de noivos.

Amor não é uma fatalidade, é algo que inventamos, é a responsabilidade de definir, de assinar, de honrar a letra.

Colocamos a culpa no destino para não assumirmos o controle, tampouco sustentarmos nossas experiências e explicarmos nossas falhas.

Amar é oferecer nossas decisões para o outro decidir junto, é alcançar o nosso passado para o outro lembrar junto, mas jamais significa se anular.

É vulnerabilidade consciente. É fraqueza avisada.

É entregar nossa solidão ciente de que é irreversível, podendo nos ferir feio, podendo nos machucar fundo.

Não existe nada mais horrível e mais lindo.

Ninguém nos mandou estar ali, ninguém nos obrigou a nos aproximar daquela pessoa, ninguém nos determinou a começar uma relação.

Não teve um chefão, um mafioso, um tirano, um ditador nos ordenando namorar.

Foi você que optou. Assuma até o fim que é sua obra, inclusive o fim. Assuma que sua companhia é resultado direto do seu gosto, sendo canalha ou santa. Não adianta se iludir e tirar o pé. Não vale fingir e mentir freios.

Amor não é hipnose, passe, incorporação. É você querendo o melhor ou pior para sua vida. É você roteirizando e dirigindo as cenas.

Aquele que tem receio de se declarar não se deu conta de que é o próprio diretor do filme, e que a tela vai mostrar o sucesso e o fracasso de sua imaginação.

Por isso, não tenho medo de dizer “eu te amo” desde o início. O amor aumenta para quem diz “eu te amo”.

Se vou errar, eu é que errei. Se vou acertar, sou eu que acertei. Se vou me danar, o inferno será meu.

Falo “eu te amo” já no segundo encontro. Já para assustar. Já para avisar quem manda. Já para estabelecer as regras do jogo.

Falo no calor da hora ou no moletom do entardecer. Amor não surge do além, amor se cria da insistência.

A precipitação é uma farsa. Não há como me adiantar e me atrasar em sentimento que eu mesmo realizo. É bobagem negacear prazos, esperar amadurecer limites.

Exponho minha paixão fácil, fácil. Nem precisa perguntar.

Aprendo a amar amando, para entender que a maior declaração ainda não é o “eu te amo”. É quando alguém confessa: “Não consigo mais viver sem você”.

Mas isso não é amor, é coragem.

Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, p. 2, 31/12/2012 e 1/01/2013
Porto Alegre (RS), Edição N° 17299